A mudança de vida promovida pelo handebol em Criciúma
Atleta da equipe feminina celebra oportunidades recebidas pelo esporte e formações em ensino superior
Naturalidade cearense e convivência com DNA sul-catarinense. Assim é parte da trajetória da capitã e armadora direita do time adulto da Fundação Municipal de Esportes (FME)/Associação Criciumense de Handebol Feminino (Acrihf). Em oito anos na cidade, Gislane Pinto Pedrosa, de 25 anos, conquistou títulos pelo município e mudou de vida.
A trajetória esportiva da atleta natural de Fortaleza iniciou na escola aos 13 anos, porém, foram quatro anos depois que as coisas começaram a evoluir. “Por jogar handebol, eu consegui uma bolsa em um colégio particular no Ceará, o Dom Quintino, e acabei me formando lá, no ano de 2011. Minha mãe não tinha condições de arcar com os custos, mas o esporte me proporcionou isso”, lembra Gislane.
Após defender a seleção de seu Estado, a jogadora foi chamada para atuar em Criciúma. “Meu técnico lá, o Antônio Marcos, tinha muitos contatos e um deles era do Luís, que já era de Criciúma na época. Como outras meninas já tinham vindo para cá, conversei com minha família e por já termos conhecimento do trabalho resolvemos que seria uma boa escolha vir”, destaca.
Gislane passou por um período de testes no fim de 2011 e no início do ano seguinte veio em definitivo para o município, já conquistando o título dos Joguinhos Abertos de Santa Catarina naquela temporada. A vinda da jogadora para o Sul a oportunizou ingressar na graduação de licenciatura em Educação Física e realizar estágios na área.
O técnico da FME, Luís Carlos Vieira, recorda as principais características de sua atleta e o que o fez crescer profissionalmente. “A Gis sempre foi uma menina centrada e sempre soube o que quis. Além disso, é uma atleta de grande potencial. Hoje vê-la formada e com sucesso profissional é muito gratificante”.
A ponteira recorda a rotina movimentada nos primeiros anos e a adaptação em Criciúma. “Meu dia a dia era muito difícil. Trabalhava pela manhã, treinava a tarde e estudava no período noturno, mas hoje vejo que tudo isso valeu a pena. Sempre contei com um apoio fundamental de algumas pessoas, principalmente, o professor Luís e a dona Maura, nossa psicóloga”.
Corrigindo erros e dando a volta por cima
No último ano de graduação, após problemas pessoais, a atleta se desligou da equipe e contou com o auxílio de uma amiga para permanecer na cidade e concluir a faculdade. “Agradeço sempre a Deus por colocar pessoas boas em minha vida”, frisa a jogadora.
Já com a formação superior completa, a cearense decidiu voltar ao esporte e buscou uma nova oportunidade no time de Criciúma. “Quando o Luís soube que eu estava aqui e queria jogar ele disse do jeito dele que sim. Mesmo um pouco chateado com o que havia ficado no passado, ele me deu uma nova chance e isso foi o recomeço para mim”, destaca.
Atualmente, Gislane trabalha como personal trainer, faz parte diretoria da Acrihf e joga no time adulto do município.
Os sonhos já realizados e os que seguem na lista
Chegar na Seleção Brasileira, ter uma vida financeira confortável, ajudar a família e ser reconhecido na profissão são alguns dos sonhos de muitos atletas de diferentes modalidades. E as realizações desejadas por Gislane não fogem muito desses.
Vindo de uma família humilde, a cearense conseguiu o sucesso profissional com duas formações no ensino superior e uma pós-graduação em andamento. Tais conquistas a fizeram realizar alguns de seus sonhos. “Hoje eu tenho um emprego bom, um carro, moro sozinha e consigo ajudar meus pais financeiramente. O bom de tudo isso, é que eu me tornei uma profissional respeitada em minha área e ainda sigo jogando handebol”, pontua a jogadora.
O sonho de jogar na Seleção Brasileira, apesar de sempre ser aflorado, atualmente não é um dos maiores. “Quero muito poder dar uma casa boa para minha mãe e quem sabe trazer meus pais para cá. Hoje está difícil por conta da pandemia, mas é um dos meus desejos”.
O amor pela cidade e o recado para novas atletas
“Criciúma é tudo para mim. Foi onde tudo começou. Quando vim para cá todos me acolheram e não quero mais ir embora daqui”, ressalta a jogadora ao falar do município. A atleta lembra também que seus pais conheceram a cidade e despertaram o desejo de residirem no Sul de Santa Catarina. “Eles amaram quando vieram para Criciúma. Sempre falei coisas boas daqui e isso se concretizou quando eles chegaram”.
Gislane lembra que em todos os momentos foi incentivada pelo técnico Luís a concluir os estudos e frisa o quão importante foram os conselhos para o sucesso profissional. “É necessário que a nova geração tenha consciência disso. É fundamental conciliar o esporte com o estudo. Eu sou uma prova de que isso é possível e dá certo”, finaliza.
Texto e fotos: Fabrício Júnior